
Joelho
A equipe de Ortopedia da Rede Mater Dei de Saúde conta com um Grupo de Cirurgia do Joelho, composto por dez especialistas, aptos a diagnosticar e tratar todas as patologias desta articulação, que são divididas em quatro grupos:
As doenças inflamatórias e degenerativas, como as artrites e artroses, as sinovites e algumas infecções;
Os distúrbios da articulação da patela, como a dor anterior, as luxações fêmoro-patelares e as condropatias;
Os traumatismos, como fraturas na região do joelho e outras lesões causadas, por exemplo, em quedas e acidentes;
As lesões esportivas, que envolve tanto a traumatologia do esporte, quanto as lesões por sobrecarga na articulação.
O joelho é subdividido na articulação do fêmur com a tíbia (fêmoro-tibial) e do fêmur com a patela (fêmoro-patelar). Possui vários ligamentos, sendo os principais: cruzado anterior, cruzado posterior, colateral medial e colateral lateral e ligamento fêmoro-patelar medial. Existem dois meniscos, o medial e o lateral, a cartilagem articular e a membrana sinovial, que produz o líquido sinovial, lubrificante natural das articulações.

Artrose no joelho
O que é?
A artrose é uma doença que causa a degeneração da cartilagem, dos ossos e demais estruturas articulares e está associada a idade (artrose primária) ou a lesões prévias que alterem o equilíbrio da articulação (artrose secundária). A doença é crônica e progressiva e pode ocasionar dor, rigidez e perda de função do joelho acometido.
Causas:
No caso de pacientes com idade acima de 60 anos, a artrose primária é causada como consequência do desgaste natural da articulação. Já em pacientes mais jovens, ela pode ser secundária a pré-disposição genética, obesidade, doenças reumáticas sistêmicas e como seqüela de trauma e infecção.
Sintomas:
O principal sintoma é a dor na articulação, durante a movimentação e a prática de exercícios. Entretanto, a artrose pode gerar a perda progressiva da função do joelho, além de deformidade local. Os sintomas dependem muito do estágio da doença, que pode ser diagnosticada em uma fase inicial ou mais avançada, quando o desgaste é maior.
Tratamentos:
Apesar de não ter cura, existem tratamentos indicados na artrose que tem como objetivo melhorar a qualidade de vida do paciente e tentar evitar a progressão da doença. Entre as principais medidas conservadoras, estão os medicamentos e nutracêuticos, infiltrações, fisioterapia, fortalecimento muscular, uso de bengalas e andadores.
O uso das medicações chamados condroprotetores ( protetores de cartilagem) aumentou nos últimos anos e pode ajudar na melhora da dor principalmente nas fases iniciais da artrose.
Outra opção de tratamento, que vem sendo utilizada nos últimos anos, é a viscossuplementação (infiltração com análogos do àcido hialurônico). Ela melhora a qualidade (viscosidade) do líquido sinovial, que está alterado nos pacientes com artrose, e podem trazer com isto um alívio temporário da dor.
A base do tratamento conservador é proporcionar e incentivar a prática de exercícios físicos regulares, que é a melhor forma de aumentar a qualidade de vida do paciente e melhorar o prognóstico da doença.
O tratamento cirúrgico visa principalmente o controle da dor e a recuperação da função do joelho acometido. O tratamento cirúrgico é indicado para os casos mais graves ou para pacientes em que o tratamento conservador não trouxe o alívio desejado. As cirurgias mais realizadas para o tratamento da artrose são as artroscopias, para toalete articular (em casos muito selecionados), as osteotomias (correção do eixo) e as artroplastias (colocação de prótese), que seria, a princípio, o procedimento definitivo.

Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)
O que é?
O LCA é um dos cinco principais ligamentos do joelho. Composto de dois feixes que atuam de forma sincronizada, o LCA estabiliza o joelho, evitando que a tíbia se desloque para frente do fêmur. A lesão (ruptura) pode ser completa ou parcial (quando apenas um dos feixes se rompe). A ruptura do LCA pode causar a instabilidade no joelho.
Causas:
A entorse de joelho, no ambiente doméstico ou durante atividades físicas e esportivas, é a causa mais comum de lesão do LCA. No nosso meio, é mais freqüente na prática de futebol. O ligamento é lesado, com mais frequência, em esportes que exigem muita rotação, desaceleração, mudanças de direção, saltos e aterrissagem. Também existem poucos casos devido a lesões por hiperextensão desta articulação como nos “chutes no ar”.
Sintomas:
Os sintomas podem ser divididos em agudos e crônicos.
No momento da lesão, pode ocorrer um estalo seguido de dor e derrame articular (aumento do volume de líquido no joelho).
A instabilidade do joelho é o principal sintoma crônico. A sensação de insegurança e deslocamento eminente do joelho pode acontecer.
Tratamento:
O tratamento da lesão de LCA é individualizado, ou seja, cada caso deve ser avaliado cuidadosamente pelo especialista em cirurgia de joelho. O tratamento poderá ser cirúrgico ou conservador. Para definir a melhor conduta, é preciso avaliar o grau da instabilidade do joelho e a rotina do paciente (atividades profissionais e esportivas praticadas). O objetivo do tratamento é evitar novos episódios de entorses, o que pode causar lesões de outras estruturas do joelho.
Quando indicado o tratamento cirúrgico, a artroscopia permite a realização da cirurgia por pequenas incisões. O ligamento lesionado é substituído por um novo ligamento, obtido por retirada de um enxerto de tendões do próprio paciente. A técnica cirúrgica pode ter pequenas variações e o cirurgião vai escolher a melhor opção para cada caso.
O tratamento conservador, ou seja, sem cirurgia, consiste no fortalecimento seletivo de grupos musculares dos membros inferiores, na tentativa de compensar a insuficiência do LCA, visando a manutenção do padrão de estabilidade, protegendo a articulação de danos adicionais.

Lesão do Ligamento Cruzado posterior (LCP)
O que é?
Assim como o LCA, o LCP tem a função de estabilizar a articulação, evitando que a tíbia se desloque para trás do fêmur e aumentando a tensão articular. Ele também é composto de dois feixes. Quando há uma lesão do LCP, a articulação pode apresentar vários padrões de instabilidade, de acordo com as lesões associadas.
Causas:
Apesar de não ser tão comum quanto a lesão de LCA, a ruptura do LCP normalmente está associada a traumas de maior impacto, como ocorre em acidentes de trânsito. A lesão pode acontecer durante a prática esportiva, principalmente em esportes de maior contato e alta energia, como o futebol americano ou artes marciais.
Sintomas:
Normalmente, a lesão do LCP causa dor e derrame no joelho, na fase aguda. Já na fase crônica, a dor normalmente se apresenta na parte anterior e medial da articulação. Alguns pacientes também se queixam de instabilidade no joelho.
Tratamento:
O tratamento das lesões do LCP devem ser indicadas de acordo com as queixas do paciente. Entretanto, ao contrário das lesões de LCA, a maioria realiza tratamento conservador, ou seja, sem cirurgia, sendo o tratamento cirúrgico reservado para casos selecionados. A fisioterapia e o fortaleciomento muscular são os mais indicados.
Os tratamento cirúrgicos acontecem em casos com grande frouxidão posterior ou em lesões associadas de outros ligamentos, o que leva a maior instabilidade. A indicação de cirurgia pode se aplicar àqueles pacientes que não responderam bem aos tratamentos conservadores e continuam se queixando de dor e/ou instabilidade.

Lesão de Menisco
O que é?
Os meniscos são estruturas fibrocartilaginosas, em formato de meia lua, de consistência semelhante à de uma borracha.
Localizados entre o fêmur e a tíbia, os meniscos medial e lateral atuam aumentando a congruência (melhorando o encaixe) desta articulação. Exercem ainda várias funções, como amortecer o impacto, auxiliar na lubrificação, estabilização e distribuição de cargas no joelho. Atuam em conjunto com outras estruturas capsulares e ligamentares do joelho, formando um cinturão de estabilidade e proteção.
A lesão dos meniscos prejudica essas funções de proteção e expõe a cartilagem ao desgaste, precipitando o processo de artrose da articulação.
Causas:
Existem dois padrões de lesão dos meniscos:
As lesões traumáticas, que ocorrem em entorses de joelho ou movimentos bruscos são as principais causas de lesões meniscais em jovens.
Já em pessoas acima de 50 anos, as lesões de menisco são de caráter degenerativo, causadas pelo desgaste natural e perda das propriedades viscoelásticas dos meniscos.
Sintomas
Dor localizada nas bordas internas ou externas do joelho (dependendo do menisco lesionado) é o principal sintoma da lesão de menisco. Dor para agachar ou ao girar, como ocorre ao entrar e sair de carros, dor relacionada a alguns esportes com carga em flexão ou impacto sobre os joelhos. Algumas lesões podem levar ao derrame articular com consequente sensação de pressão articular.
Tratamento
O uso de antiinflamatórios, gelo e fisioterapia são indicados para os pacientes em que se opta pelo tratamento conservador. O controle das atividades é fundamental para o bom resultado do tratamento. No caso de necessidade de cirurgia, a vídeo-artroscopia é realizada para a remoção do fragmento meniscal lesionado ou para a sutura ou reparo do menisco. A técnica de escolha depende de vários fatores do paciente e do tipo de lesão presente. A preservação da função dos meniscos é fundamental para a boa evolução do paciente. Desta forma, devemos sempre nos preocupar com a proteção destas estruturas importantes na biomecânica do joelho.

Lesões da cartilagem articular
O que é?
A cartilagem hialina é formada, principalmente, por colágeno, água e células específicas, chamadas de condrócitos. O tecido fibroelástico reveste as nossas articulações amortecendo o impacto e suavizando o deslizamento entre as superfícies ósseas. A cartilagem não possui vasos sanguíneos, linfáticos ou inervação, por isso tem baixo potencial de se regenerar.
Causas:
As lesões de cartilagem pode ter causa degenerativa, traumática e também secundária a outras doenças inflamatórias.
Sintomas:
Os pacientes podem apresentar dor, inchaço e travamento da articulação envolvida.
Tratamentos:
Apesar do baixo potencial de regeneração, as lesões de cartilagem podem ser tratadas de maneira conservadora (com uso de medicamentos e fisioterapia), ou cirúrgica. O médico deve avaliar cada caso e indicar o melhor tratamento. No caso de opção por cirurgia, existem diversas técnicas a serem escolhidas, de acordo com as características da lesão e do paciente:
Condroplastia: Regularização da lesão, ou seja, abrasão do entorno e da superfície da lesão.
Microfraturas ou Nanofraturas: realização de pequenos orifícios no osso exposto para estimular sangramento local e a formação do tecido cicatricial fibrocartilaginoso.
Mosaicoplastia ou enxerto osteocondral: Retirada de um fragmento de ósseo revestido com cartilagem de um local que não recebe carga do próprio paciente e transplantá- lo para a área da lesão.
Membrana de colágeno: Inserção de material moldado de membrana de colágeno, preenchendo a lesão, associado a microperfurações locais.
Transplante de condrócitos:
Realiza-se se uma coleta cirúrgica do tecido cartilaginoso, num primeiro tempo, seguido de uma cultura das células de cartilagem obtidas, em laboratório, que serão reimplantadas em um segundo procedimento.

Luxação da patela
O que é?
A patela é um osso responsável por aumentar a força de extensão do joelho. Ela corre em um trilho no fêmur, que se chama tróclea. A estabilidade da patela nesse trilho depende da conformação óssea e do equilíbrio de estabilizadores ligamentares e musculares. Quando a patela sai desse trilho temos uma luxação (deslocamento articular).
Causas:
Alguns pacientes tem fatores anatômicos que comprometem a estabilidade da patela e podem desenvolver quadros de desequilíbrio, de subluxação ou de luxação. Quando ocorre um episódio de luxação completa, comumente para o lado lateral do joelho, um ligamento chamado de fêmoro-patelar medial se rompe, comprometendo ainda mais essa estabilidade, o que pode levar a um quadro de luxação recidivante de patela.
Sintomas:
O paciente pode apresentar somente dor e sensação de insegurança, queixar de falseios e até episódios de deslocamento completo da patela, quadro que causa muita dor e pode necessitar de redução (colocar a patela no lugar) em pronto atendimento. É comum a patela voltar para o lugar imediatamente após o episódio (redução espontânea).
Tratamentos:
O tratamento do primeiro episódio de luxação é conservador na maioria dos casos sem lesões associadas. Pode se obter a estabilidade através de reforço muscular seletivo e treinamento neuromuscular, para reequilibrar a patela. Porém, alguns casos evoluem mal, com um quadro de luxação recidivante, que tem indicação de cirurgia. O objetivo do tratamento é estabilizar a patela e prevenir novos episódios de luxação, que são danosos à cartilagem articular e podem levar a artrose tardia desta articulação.
São várias técnicas cirúrgicas descritas, cuja indicação depende das características anatômicas do joelho. A mais frequente é a reconstrução do ligamento fêmoro-patelar medial. Uma artroscopia para tratamento da cartilagem e procedimentos ósseos simultâneos podem ser necessários.